quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Qual é a importância da rotina na educação infantil?





Uma rotina estável, clara e compreensível permite que as crianças a incorporem, podendo antecipar o que irá acontecer em seguida. Isso oferece uma sensação de segurança a elas, o que, por sua vez, permitirá que elas atuem com maior autonomia e tranqüilidade no ambiente escolar.
Rotina estável, entretanto, não significa rigidez e inflexibilidade. É importante que o professor possa organizar o tempo levando em consideração seu planejamento, mas podendo contar com a possibilidade de alterá-lo de acordo com suas próprias necessidades e a de seu grupo também. Rotinas iguais não servem para grupos diferentes. A rotina que nunca muda torna o trabalho do professor monótono e repetitivo e pouco interessante para seus alunos. Assim, mesmo que a leitura de história aconteça todos os dias (e é desejável que aconteça), o professor pode pensar em maneiras diferentes de fazê-la: num dia pode ler em um ambiente da escola; em outro, fazer uma cabana onde os alunos entrem para ouvir a história; apagar as luzes e acender uma vela para dar um ar diferente ao ambiente; contar uma história em vez de simplesmente ler; pedir que um outro adulto da escola venha ler uma história e assim por diante. Da mesma forma, um professor deve ter independência não só para mudar seu planejamento, mas também para não se sentir obrigado a realizar todas as atividades previamente indicadas.

Psicomotricidade infantil


Nos movimentos da criança se articula toda sua afetividade, desejos e suas possibilidades de comunicação. O que é psicomotricidade? Sua definição ainda está em formação, já que à medida que avança e é aplicada, vai-se estendendo a distintos e variados campos. No princípio, a psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma debilidade, dificuldade, ou deficiência.

Hoje, vai mais longe: a psicomotricidade ocupa um lugar importante na educação infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo.

Movimento e atividade psíquica

O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo, que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa. A palavra motriz se refere ao movimento, enquanto o psico, determina a atividade psíquica em duas fases: a sócio-afetiva e cognitiva. Em outras palavras, o que se quer dizer é que na ação da criança se articula toda sua afetividade, todos seus desejos, mas também todas suas possibilidades de comunicação e conceituação. A teoria de Piaget afirma que a inteligência se constrói a partir da atividade motriz das crianças. Nos primeiros anos de vida, até os sete anos, aproximadamente, a educação da criança é psicomotriz. Tudo, o conhecimento e a aprendizagem, centra-se na ação da criança sobre o meio, os demais e as experiências através de sua ação e movimento.
Estimulação e reeducação
Através da psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os movimentos da criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a indivíduos sãos, através de um trabalho orientado à atividade motriz e as brincadeiras. Na reeducação psicomotriz se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência, transtornos ou atrasos no desenvolvimento. Tratam-se corporalmente mediante uma intervenção clínica realizada por um pessoal especializado.

Princípios e metas da psicomotricidade infantil

A psicomotricidade, como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta:

- Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas).
- Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal.
- Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários.
- Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção.
- Ampliar e valorizar a identidade própria e a auto-estima dentro da pluralidade grupal.
- Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e exclusivo.
- Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais.

A construção da identidade na Educação Infantil





Uma criança não é uma criança para ser pequena,
mas para tornar-se adulta.
CLAPARÈDE, p.30,2004


É inegável que os seres humanos são desde o nascimento, condicionados e influenciados por modelos e exemplos de outros seres humanos que os rodeiam. Também é indiscutível que a formação do adulto íntegro, descente e humano nasce juntamente com o feto na barriga da mãe. Saber identificar suas preferências, reconhecer seus limites, conhecer-se, são ações que se iniciam desde quando nascemos e têm o seu término no final de nossas vidas, são influenciadas pela sociedade e a cultura das quais participamos.

Toda conduta é ditada por um interesse;
toda ação consiste em atingir o objetivo que é
mais urgente naquele momento determinado.
CLAPARÈDE, p.32,2004

A escola tem um papel de fundamental importância na construção da identidade autônoma de cada criança que passa por seus bancos escolares, principalmente na creche, onde temos crianças com a faixa etária de até 3 anos de idade, onde os indivíduos estão mais disponíveis à aprendizagem, ao se identificar com o modelo de ser humano que lhe é apresentado.
É importante reconhecer o trabalho desenvolvido pelos educadores que trabalham com crianças na creche, numa faixa etária de até 3 anos, pois é através deles que ocorre a estimulação para a longa caminhada de construção da identidade. Em contrapartida também é válido lembrar das possibilidades de traumas e exemplos negativos que esse mesmo facilitador pode cometer.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a identidade tem a função de distinguir, marcar as diferenças, sejam elas, físicas, emocionais e comportamentais, dos indivíduos.
Sendo assim, de nada adianta prepararmos planejamentos especiais para trabalhar a identidade, se não é respeitado o ritmo de cada criança em sala de aula.
É imprescindível que o educador atuante na fase inicial do processo de construção da identidade promova situações onde a criança reconheça suas particularidades e interaja com outras crianças, seja qual for a faixa etária.
Enfim, é muito importante considerar que enquanto educadores, somos sim responsáveis pelos seres humanos que teremos em nossa sociedade num futuro não tão longínquo e mais do que isso, somos responsáveis pelo futuro deste país já tão massacrado.

REFERÊNCIAS
CLAPARÈDE. Édouard, in FERRARI. Márcio. Um pioneiro da psicologia das crianças. Revista Nova Escola, ed. Novembro/2004