sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Desenvolvimento social e pessoal com os jogos e as brincadeiras



*Por Nayara Barrocal


Os jogos e as brincadeiras são atividades humanas nas quais as crianças são introduzidas no meio social, constituindo-se em um modo de assimilar e recriar experiências. E por se tratar de atividades sociais específicas e fundamentais que garantem a interação e construção de conhecimentos da realidade pelas crianças, é que nos faz abordar a função pedagógica na primeira infância do ser humano.
A criança começa a brincar quando ainda é um bebê, brinca com as mãos, de achar o nenê com a mamãe, de esconder atrás de objetos, etc, e é assim, que ela começa compreender a natureza comunicativa da brincadeira e do jogo, e participa por vontade própria. “A brincadeira e o jogo são resultados individuais – o pressupõe uma aprendizagem social” (WAJSKOP, 1999, p. 32).
Com relação ao jogo, Piaget (1975, p. 81) acredita que é essencial na vida da criança e que o mesmo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, pois quando as crianças jogam podem transformar a realidade.
Já Vygotsky (1989, p. 59 ), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo dela. Segundo ele, as crianças usam as interações sociais como forma privilegiada de acesso as informações. Em sua visão sócio-histórica, a brincadeira e o jogo são atividades específicas da infância em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto pessoal e social.
Os jogos e as brincadeiras mobilizam possibilidades afetivas e sociais para sua realização. Através destas, a criança aprende a conhecer a si própria, as pessoas que a cercam, as relações entre estas, e os papéis que cada um tem. Estas interações são de grande importância no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança.Quando brincam ou jogam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência.
Além disso, é através dos jogos e das brincadeiras que a criança pode conviver com os diferentes sentimentos. Ela irá aos poucos se conhecendo e aceitando a existência dos outros, estabelecendo suas relações sociais. Revivem assim, suas alegrias, seus medos, seus conflitos, resolvendo-as à sua maneira e transformando sua realidade naquilo que quer, desenvolvendo valores que orientarão seu comportamento pessoal e social.
Na verdade, os jogos e as brincadeiras podem ser considerados as principais atividades das crianças, aquelas nas quais ocorrem importantes mudanças em seu desenvolvimento psíquico e dentro da qual preparam-se caminhos de transição para níveis mais elevados de desenvolvimento. O jogo e a brincadeira permitem que a criança reestruture sua forma de pensar e de interagir com a realidade.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ( 1998, p. 95), além de desenvolver habilidades importantes como atenção, a imitação, a memória e a imaginação, a criança também amadurece a capacidade de socialização por meio da interação e da utilização e a experimentação de regras e papéis sociais.
“A brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra.” ( VYGOTSKY, 1989, p. 123). Durante as brincadeiras e os jogos, as crianças recriam e estabilizam que sabem sobre as diversas esferas do conhecimento social, em uma atividade espontânea e imaginativa. A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu e o outro.
Nas brincadeiras e nos jogos, as crianças, vivenciam a elaboração e a negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções pessoal e social. Isso ocorre porque a motivação é sempre individual e depende dos recursos emocionais de cada criança que são compartilhados em situações de interação sociais.
Para Wajskop ( 1995, p. 37 ), o brincar e o jogar são formas de atividades social infantil cuja característica imaginativa e diversa do significado cotidiano da vida fornece uma ocasião educativa para as crianças. Nas brincadeiras e nos jogos as crianças podem pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu dia a dia, isenta das pressões situacionais.
Esta descoberta interpessoal ajuda as crianças pequenas a compreenderem a si mesmas e contribui imensamente para o desenvolvimento pessoas e social da criança, já que compreender a si mesmo e adquirir confiança nas próprias capacidades facilita o movimento da criança rumo a independência.
O educador exerce papel muito importante no desenvolvimento pessoal e social da criança através das brincadeiras e dos jogos. Cabe a ele, organizar atividades que sejam definidas como tais e que sejam diversificadas para proporcionar a criança à opção de escolha entre diferentes sugestões. O mesmo precisa intervir junto ao brincar/ jogar, propondo as crianças atitudes referentes à realidade. O papel do adulto é de estimular a imaginação das crianças, e não de induzi-la.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ( 1998, p. 26 ), os temas, imagens, formas dos brinquedos, e materiais oferecidos pelo educador devem ser determinados pela observação e escuta dos interesses das crianças, assim como por objetivos programáticos previamente definidos.
“No sonho, na fantasia, no faz-de-conta, desejos que parecem irrealizáveis, podem ser realizados.”( KISHIMOTO, 1997, p 98) Durante a realização de jogos e brincadeiras, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; é como se ela fosse maior do que a realidade. Como no foco de uma lente de aumento, os jogos e brincadeiras contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento social e pessoal.
O adultodeve ter o papel de provocador da participação coletiva, pois a criança está no período do egocentrismo, onde o mundo gira em torno dele, tudo está centrado nele. Assim, como o levará ao desafio da busca da resolução dos problemas despertando e incentivando a criança para o espírito do companheirismo e de cooperação.
Por causa destas razões as brincadeiras e os jogos têm papel importante nas escolas de educação infantil e nas creches. Propiciando o jogo e a brincadeira, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo, interpretar, significar e compreender de maneira ativa e própria os comportamentos, usos, costumes e sentimentos do homem.







Bibliografia:

BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. Secretaria da Educação Fundamental – Referencial Curricular nacional Para a Educação Infantil – Vol. I, II e III _ Brasília. MEC/SEF, 1998.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo e a Educação. São Paulo, Ed. Cortez, 1997.
PIAGET, Jean. O equilíbrio das estruturas cognitivas. Paris, PUF, 1975.
VYGOTSKY. A formação social da mente. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1989.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola – 3 ed. São Paulo. Ed. Cortez, 1999.
_____________. O brincar na educação infantil. Caderno de pesquisa. São Paulo, 1995.

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